Não escrevo elegias quando ceifa a morte
Campos ressequidos de almas por regar
A morte sem rosto, eu deixo-a passar
E ao cortejo roxo sob a chuva forte
Tangem os sinos na aldeia distante
Do meu existir noutros universos
Como são pinturas, temas e versos
E eu vejo para dentro o som calcinante
E vejo para dentro o tempo ilusório
E sinto que os mortos me são conhecidos
Mais que os seres viventes, tristes, esquecidos
Que vão sobrevivendo como num velório.
Sou uma fiandeira
tecendo noite e dia
uma estreita teia de pensamentos.
Sou uma fiandeira
aranha tirando de dentro
a liga que emaranha.
Sou uma fiandeira
Amarrando com as mãos firmes
os laços do meu destino.
Sou uma fiandeira
bordando com palha e ouro
a bandeira da minha fé.
Sou uma fiandeira,
vivo à beira de tudo aquilo que é frágil,
que parece fiapo ou que está por um fio...
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