terça-feira, 15 de outubro de 2013

Outros Universos ( Bruxa Arana Santos)



Não escrevo elegias quando ceifa a morte

Campos ressequidos de almas por regar


A morte sem rosto, eu deixo-a passar


E ao cortejo roxo sob a chuva forte

Tangem os sinos na aldeia distante


Do meu existir noutros universos


Como são pinturas, temas e versos


E eu vejo para dentro o som calcinante

E vejo para dentro o tempo ilusório


E sinto que os mortos me são conhecidos


Mais que os seres viventes, tristes, esquecidos


Que vão sobrevivendo como num velório.


Sou uma fiandeira

tecendo noite e dia

uma estreita teia de pensamentos.

Sou uma fiandeira

aranha tirando de dentro

a liga que emaranha.

Sou uma fiandeira

Amarrando com as mãos firmes

os laços do meu destino.

Sou uma fiandeira

bordando com palha e ouro

a bandeira da minha fé.

Sou uma fiandeira,

vivo à beira de tudo aquilo que é frágil,

que parece fiapo ou que está por um fio...

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