segunda-feira, 31 de março de 2014

Wicca: ( Definição)

Wicca é uma religião neopagã, e um termo relativamente novo. Baseada na crença da magia e filosofia celta, procura um equilíbiro entre o masculino e feminino. Gerald Gardner criou uma vertente da Wicca em meados dos anos 40 e 50. Embora essa “fundação” tenha ocorrido provavelmente na década de 1940, só foi revelada publicamente em 1954. Vale lembrar que a Wicca não foi uma religião criada a partir do nada nesse período, mas sobrevivente a toda a ascensão do Patriarcado até a Idade Média. Veio a público nesse período, pois a Bruxaria ainda era vista como crime nas décadas de 40 e 50 da Inglaterra.
Desde seu renascimento, várias tradições de Wicca evoluíram ou foram criadas, entre elas, a polêmica “Dark Wicca” – a qual discutiremos num artigo adiante. A tradição que segue os ensinamentos e práticas específicos, conforme estabelecidos por Gardner, é denominada Tradição Gardneriana. Além dela, muitas outras Tradições de Wicca se desenvolveram e também existem muitos praticantes de Wicca que não pertencem a nenhuma Tradição estabelecida, mas criam a sua própria forma de culto aos Antigos Deuses, se denominando Bruxos Solitários.
É importante frisar que a Wicca não é uma religião antiga, mas uma religião com bases antigas. A Wicca tem suas crenças fundadas no antigo Paganismo e também em algo do Luciferianismo Escocês.
Definição
A palavra Wicca vem do Inglês antigo, tendo sido reintroduzida no uso moderno daquele idioma por Gerald Gardner, em sua publicação de 1954. Embora Gardner utilizasse a grafia “Wica”, popularizou-se o uso de “Wicca”, mais aderente à etimologia da língua inglesa.
Os primeiros livros sobre Wicca em língua portuguesa foram traduções da língua inglesa, tendo seus tradutores optado por manter a grafia original. Mais tarde, Os livros escritos diretamente em Português mantiveram esse uso. No entanto, não há consenso entre autores e tradutores sobre a palavra a ser usada na língua portuguesa para designar o praticante da religião Wicca, sendo utilizadas mais amplamente as formas wiccano(a) e wiccaniano(a). É também de uso mais restrito a forma wiccan(para ambos os sexos).
Os defensores da forma wiccaniano, alegam ter sido o primeiro livro sobre Wicca traduzido para o português a “Feitiçaria Moderna” de Gerina Dunwich, onde foi utilizada essa forma. Os demais termos são normalmente mantidos sem tradução, em sua forma originalmente usada na língua inglesa.
Embora sejam algumas vezes usadas como sinônimo, “Wicca” e “Bruxaria” são conceitos diferentes. A confusão se dá porque tanto os praticantes de Wicca quanto os de Bruxaria se denominam Bruxos. Da mesma forma, não devem ser confundidos os termos “Wicca” e “Paganismo”, uma vez que a Wicca é apenas uma das expressões do paganismo.
A Wicca é uma religião iniciática, e pode ser praticada tanto de forma tradicional quanto de forma solitária embora seja indicado, a formação de um grupo de estudos para os primeiros passos. Nas formas tradicionais, os praticantes avançam através de “graus” pré-definidos de iniciação e geralmente trabalham em covens. Nas formas solitárias, os praticantes geralmente se auto-dedicam e auto-iniciam nas práticas da Wicca, e depois normalmente a praticam sozinhos. Algumas vezes, solitários são iniciados por outros sacerdotes ou sacerdotisas, assim como o Vampirismo e também o Satanismo Tradicional, antes de estabelecerem sua prática.
Todas as formas de Wicca cultuam a Deusa e o Deus, variando porém o grau de importância dado ao culto de cada um deles.
Crenças e Práticas
Há diversas denominações (chamadas comumente de Tradições) Wiccanas. Assim, há uma enorme quantidade de variações sobre as crenças e as práticas Wiccanas.
A prática Wiccana mais comum cultua duas Divindades, a Deusa e o Deus, algumas vezes chamado de Deus Cornífero (Do latim, “o que porta cornos”), Deus Verde, Deus Caçador, Deus Criança, etc…
Algumas tradições, principalmente as denominadas Tradições Diânicas, dão mais ênfase ao culto da Deusa, outras dão ênfase ao Deus e a Deusa como complementos de toda a criação. Em alguns casos, o Deus tem um papel diminuído. Alguns praticantes discordam dessa posição, dizendo não haver razão para realizar as celebrações ritualísticas mais importantes sem a presença das duas polaridades. Outros praticantes vêem a Deusa como o Todo, sendo assim o Deus apenas uma parcela da Deusa.
A maioria dos praticantes de Wicca no entanto, não se diz dualista, mas politeísta, às vezes com referências a panteões específicos, como o celta, o grego, o nórdico, dentre outros. Alguns praticantes da Wicca poderiam ainda ser classificados, dependendo de sua Tradição ou crença pessoal, como animistas, panteístas, panenteístas, dentre outras de uma vasta faixa de possibilidades, mas nunca monoteísta. Porém, não vamos confundir quando ouvirmos dizer que a Wicca é de princípio Monista, aonde expressa a crença de que tudo o que há foi criado por uma única divindade, no caso da Wicca, a Deusa. Os Panteões mais tradicionais na Wicca são os Europeus, por ter sido o berço da “Arte” ou da “Antiga Religião”.
Os ritos da Wicca reverenciam a ligação da vida dos praticantes e das Divindades com a Terra. Essa reverência se expressa, principalmente, através de rituais cuja liturgia celebra as lunações e as mudanças das estações do ano.
Os praticantes de Wicca realizam rituais em honra à Deusa nas noites de Lua Cheia. Esses rituais são normalmente denominados Esbats. Algumas tradições chamam também de Esbat rituais realizados nas demais fases da lua.
Estes ritos são celebrações onde se acredita que a Deusa Sábia desce até a Suma Sacerdotiza através do rito de “Puxar a Lua”, sem tomar seu corpo, e através dela, revela sua sabedoria.
O culto à Deusa pode ser feito a um dos aspectos do divino feminino:
* A virgem, que representa a pureza feminina, o vigor, a inocência e a sedução (Lua Crescente);
* A mãe, fonte da vida e protetora (Lua Cheia);
* A anciã, velha e sábia, conhecedora dos maiores mistérios da vida e da morte (Lua Minguante);
* A ceifera, seu lado escuro e destruidor (lua negra).
Vale alertar que não há entidade que represente o “mal supremo” na Wicca. Todos os Deuses têm a polaridade bem/mal e a sabedoria para usar.
É prática corrente na maioria das tradições comemorar anualmente oito festivais sazonais, chamados de Sabbats. Eles marcam a passagem do tempo no calendário solar e costumam seguir a seguinte ordem:
* O ano se inicia em Samhain, (Lê-se Soul-êim) quando o Deus, filho e consorte da Deusa, morre.
* Depois ele nasce em Yule do útero da Deusa;
* Passa sua infância em Imbolc, quando é alimentado pelo seio sagrado da Senhora Sábia que agora descansa do parto.
* Em Ostara, é a Deusa Renascida que vem trazendo sua força, ela é a Deusa Infante e ele o Jovem Caçador das Matas.
* Em Beltane, ele se une à Deusa Donzela, e com ela faz o Grande Rito.
* Em Litha, ele é o mais poderoso e implacável Senhor da Mata, e a Donzela já se tornou a Sacra Mãe.
* Em Lammas ele começa sua rota ao declíneo. Ele é o Deus da Magia, enquanto a Deusa segue seu trilhar para dar a luz novamente ao seu filho.
* Em Mabon, ele é o Grande Sábio Deus Verde e está se preparando para sua passagem, enquanto a Deusa começa sua resignação como mãe e mulher que sofre a já perda de seu Filho.
* Volta a morrer em Samhain, realizando a grande espiral do renascimento, ou simplismente a Roda do Ano.
Quatro Sabbats, chamados Maiores por algumas tradições, celebram o auge das estações. São eles o Samhain (Outono), Beltane (Primavera), Imbolc (Inverno) e Lammas ou Lughnasadh (Verão). Os demais, chamados às vezes de Sabbats Menores, comemoram Solstícios – Litha (Verão), Yule (Inverno) – e Equinócios – Ostara (Primavera) e Mabon (Outono).
Há uma grande controvérsia entre os praticantes brasileiros sobre qual a forma mais adequada de escolher as datas dos Sabbats. Vários deles defendem que os Sabbats sejam comemorados nas mesmas datas em que isso é feito no Hemisfério Norte (por exemplo, Yule em Dezembro), enquanto outros defendem a comemoração nas datas em que as estações ocorrem no Hemisfério Sul (Yule em Junho). Praticantes australianos, argentinos, porto-riquenhos, africanos-do-sul e uruguaios comemoram, em sua grande maioria, as datas do Hemisfério Sul.
Alguns chamam a Wicca de religião da Deusa, porque enxergam na Deusa a totalidade. Outros contestam esta afirmação, crendo que em nenhum momento isso se torna verídico, pois a Deusa, por mais poderosa e onipotente que seja, realiza a “Descida” até o Deus do Sub-Mundo, e apenas lá recebe, por intermédio das provações, o conhecimento que precisa para se tornar plena (mitema iniciático). Assim, a Deusa não está completa sem o Deus, nem para portar o conhecimento, nem para realizar o Grande Rito da criação universal, pois apenas dois opostos podem se unir e criar de sua união o Tudo. Há vertentes de Wicca que consideram a Deusa completa em si mesma e outras que enfatizam a crença e culto na polaridade. Não há posturas certas, nem erradas, ambas expressam crenças diversas dentro da mesma religião e cada praticante escolhe a de sua preferência.
Alguns praticantes se reúnem em grupos, denominados Covens, Círculos, Família, Groves ou Clãs, que se diferem em número de participantes, ligação íntima dos praticantes ou até mesmo práticas de Tradições irmãs, enquanto outros trabalham sozinhos e são chamados de “solitários”. Alguns solitários, no entanto, se reúnem em “encontros”, círculos de estudo ou círculos abertos e outros eventos comunitários como o ESP, o PNT, o EnWicca ou EAB (eventos públicos para pagãos), mas reservam suas práticas espirituais (Sabbats, Esbats, feitiços, culto, etc.) para quando estão sozinhos. Alguns praticantes trabalham em comunidade sem necessariamente fazer parte de um Coven.
É usual que os ritos praticantes sejam realizados no interior de um círculo mágico, que é traçado de forma ritual, após a limpeza e consagração do local, que em geral é realizado em casa ou pequenos espaços como quartos, salas ou quintais. Preces ao Deus e à Deusa são proferidas, a evocação dos Guardiães dos pontos cardeais é realizado e muitas vezes são feitos feitiços adequados ao rito em condução (o qual é o ponto focal da celebração) e então é realizado o Cone de Poder, que concentra e envia as energias do círculo até o objetivo almejado por todos. Ao final, é tradicional a partilha de pão e vinho.
Alguns ritos esquecidos da prática Wiccana estão em acensão novamente, como os ritos de honra e homenagens ao ancestrais e os ritos de passagem, como o banho de prata, o Handcliff, o HandFasting, entre outros.
A maioria dos wiccanos usa um conjunto de instrumentos de altar em seus rituais. Esses instrumentos incluem, dentre infinitos outros, vassouras, caldeirões, cálices, bastões, athames (um espécie de adaga ou punhal, que não é usado para sacrifícios de qualquer espécie), facas (bolline, usada para cortar ervas, flores, e gravar símbolos e velas), velas, incensos, etc. que simplesmente representam os quatro elementos primordiais: Ar, Agua, Fogo e Terra. Representações da Deusa e do Deus são também comuns, seja de forma direta, representativa, simbólica ou abstrata, e são mais usados os símbolos do Cálice para a Deusa, que é o símbolo de seu últero, e o Athame para o Deus, que é a representação de seu falo. Os instrumentos são apenas isso, instrumentos, e não têm poderes próprios ou inerentes. Apesar disso, são normalmente dedicados ou “carregados” com um propósito específico e usados apenas nesse contexto. É considerado extremamente rude tocar os instrumentos de um bruxo ou bruxa sem sua permissão.
O pentáculo – um pentagrama, estrela de cinco pontas, inscrito em um círculo – é um dos símbolos mais utilizados por praticantes para representar sua fé. Normalmente utilizado “de cabeça para cima”, é usado para representar 5 elementos componentes da natureza. Os quatro elementos clássicos – terra, ar, água e fogo – mais o espírito (às vezes chamado de akasha ou éter). Muitos Gardnerianos, no entanto, contestam essa atribuição.
Os praticantes acreditam que cada um deve cultuar a(s) divindade(s) à sua própria maneira. Sem imposições ou leis escritas, mas com consciência em relação à cidadania, à auto-estima e à preservação ambiental, repudiando qualquer forma de preconceito, o proselitismo e incentivando a igualdade de gênero e a liberdade sexual.
A Wicca tem, como leis comuns, a Lei Tríplice, que dita a regra: “tudo o que fizeres voltará em triplo de volta para ti” e a Wiccan Rede que dita: “Faça o que quiseres, desde que nada nem ninguem prejudiques”. A primeira ilustra bem a importância do número 3 em sua filosofia, também exemplificada nos aspectos da Deusa-mãe (virgem, mãe e anciã), e nos tres graus iniciéticos de algumas tradições.


Alta sacerdotisa:

Alta sacerdotisa é no entendimento da Wicca geralmente uma mulher que já alcançou o terceiro grau dentro de um coven. Em muitos covens, a Alta Sacerdotisa é a autoridade mais importante lá dentro, onde é dito que sua palavra é lei.
São papéis de uma Alta Sacerdotisa:
* Treinar outros praticantes dedicados ao Coven junto ao Alto sacerdote;
* Servir como conselheira e mediadora ao lado do Alto sacerdote;
* Representar a Deusa nos rituais;
* “Puxar o Sol para baixo” pelo Alto sacerdote;
Alto sacerdote
Alto sacerdote desempenha quase que as mesmas funções dentro de um Coven. Dependendo da Tradição, sua autoridade é igual a da Alta sacerdotisa, em outras, é de certa forma a ela submisso, mas igualmente respeitado.
São os papéis do Alto sacerdote:
* Junto com a Alta sacerdotisa treinas outros praticantes dedicados ao Coven;
* Servir como conselheiro e mediador, ao lado da Alta sacerdotisa;
* Representar o Deus nos rituais;
* “Puxar a Lua pra baixo” pela Alta sacerdotisa.
Wicca e o Demônio
A maioria dos praticantes de Wicca nada tem a ver com cultos satânicos ou vampíricos, com exceção das novíssimas praticantes da “Dark Wicca”, um grupo nada bem visto entre os praticantes tradicionais. A Wicca tradicional vê o demônio como um bode expiatório onde os seres humanos depositam a responsabilidade do mal que eles mesmos causam. Também não acreditam no mal absoluto e nem no bem absoluto. O universo é um equilibrio das energias boas e ruins. Tudo deve estar equilibrado para que a vida funcione.
O Demônio é um personagem mítico pertencente a religiões judaico-cristãs. Uma vez que a Wicca não é uma vertente dessas mesmas, a crença no diabo torna-se ausente nos dogmas da religião.

O que a Wicca não é:

Os praticantes da Wicca:
* Não acreditam nem adoram o que os Cristãos conhecem como Satã ou Demônio;
* Não sacrificam animais ou seres humanos em seus ritos;
* Não odeiam ou desprezam os Cristãos, a Bíblia, Jesus Cristo, os Islâmicos, o Alcorão, Maomé ou qualquer outra expressão religiosa. Ao contrário, advogam o direito à plena liberdade de expressão religiosa para todas as pessoas, independente de credo ou denominação;
* Não são sexualmente anticonvencionais (embora o respeito à diversidade, inclusive a sexual, seja um valor importante para eles);
* Não encorajam o abuso de drogas e orgias sexuais durante seus ritos privados ou públicos
* Não são cristãos, islâmicos, judaicos ou praticantes de qualquer outra religião monoteísta.
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