sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Comportamento suicida:Algumas características que devem ser reconhecidas para poder ajudar

O suicídio não é fácil de assimilar, pois expõe a dor daquele que tirou a própria vida
a todos aqueles que viviam ao seu redor.
Por vezes, esses familiares, amigos e conhecidos podem se questionar se existiram sinais de que aquilo aconteceria, se poderiam ter notado e agido antes.
Esses indícios de sofrimento, de fato, aparecem e, se antes eles servem como alerta,
depois podem gerar uma culpa descabida, afinal, não há como responsabilizar ninguém por alguém ter se matado.
Os sintomas do suicídio variam de acordo com a personalidade das pessoas, mas eles costumam seguir um certo padrão.
Com ajuda da psiquiatra Maria Cristina de Stefano, conheça alguns dos aspectos do comportamento suicida. Como identificar o comportamento suicida
Atualmente, se sabe que o suicida deixa pistas, sinais de que está em grave sofrimento mental.

Introvertido X extrovertido: jeitos diferentes de lidar

A forma como a pessoa agirá quando estiver em sofrimento mental e emocional dependerá de sua personalidade anteriormente.
Por exemplo: se antes ele era mais aberto, falava mais dos seus problemas, provavelmente se isolará menos que alguém que já era bastante introvertido.
O extrovertido provavelmente falará sobre suas dificuldades, sobre a morte, sobre a falta de sentido da vida, passará a ser mais calado e se envolverá menos em suas relações.
Já o introvertido passará para um isolamento ainda maior do que antes.
Ele possivelmente vai se desapegar de seus pertences, dará suas coisas para outras pessoas e irá se desfazer também de seus laços afetivos e de seus valores pessoais.
Esse “desligamento” é uma forma de lidar com a dor, que vai se tornando insuportável.
Mudanças no pensamento Haverá alterações também tanto no pensamento, quanto na memória.
O foco e a atenção também podem ficar menos acurados. é como se a pessoa estivesse se 'desintegrando' aos poucos e perdendo seus vínculos com a vida.
Consumo abusivo de bebida, drogas e remédios o consumo excessivo de bebidas alcoólicas,
remédios e drogas são agravantes para a pessoa com tendências suicidas.
“O ato suicida, apesar de envolver uma intenção e um planejamento, acontece em um momento de impulso”,
Faltas na escola e no trabalho Muitas vezes o indivíduo que está em sofrimento intenso se isola de tal forma que deixa de frequentar a escola, a faculdade, e passa a faltar no trabalho.
Não é raro que situações assim sejam vistas como “vagabundagem” ou irresponsabilidade por familiares, empregadores, amigos e colegas.
Mas trata-se, na verdade, de um sintoma de sofrimento grave que aparece independentemente da idade.
**Dias e horários que merecem mais atenção
Os dois momentos mais procurados para suicídio, são domingo de noite e segunda de manhã.
São justamente aqueles horários em que o sofrimento mental e emocional são maiores, pois nos preparamos para retomar a vida, ir trabalhar ou estudar.
*Homens X mulheres
As pessoas que mais cometem suicídio são em sua maioria homens, mas as mulheres são as que mais tentam. “Para cada 5 tentativas de suicídio por mulheres, um homem se mata”
Eles usam métodos mais violentos, como armas de fogo, e elas usam formas mais sutis, como envenenamento.
*Idades de maior risco
A faixa etária de maior número de suicídios está migrando dos idosos para os adolescentes e jovens adultos com idade entre 15 e 34 anos.
Uma das explicações é a dependência química, que se associa com a depressão que, por sua vez, se liga à maior probabilidade de suicídio.
*Números do suicídio “
A cada 40 minutos, acontece um suicídio no Brasil”, explica a psiquiatria.
Apesar da incidência impressionante, os números são ainda subestimados.
Acidentes de carro e quedas de altura, por exemplo, muitas vezes não são notificados como suicídio. “Além disso, o suicídio é uma 'epidemia calada',
 há o mito de que se falarmos disso, a incidência irá aumentar, por isso, muitos se calam.”

**Como ajudar a pessoa com tendências suicidas?
A melhor atitude, caso perceba-se um amigo ou familiar com o comportamento suicida, é procurar com rapidez psicólogos e psiquiatras.
***Tem que ser uma atitude pronta e acolhedora no sentido de buscar ajuda e orientações sobre como lidar com essa pessoa”,
 “A demora em procurar auxílio pode agravar a situação”.
O equívoco mais comum é acreditar que aquela é uma atitude normal ou que a pessoa só está “querendo chamar atenção”.
“É para chamar atenção mesmo, é um sinal de alerta para algo que não está bem”,
O tratamento inicial é direcionado para tratar o quadro de sofrimento psíquico
– que pode envolver uma depressão mista, ansiedade, insônia, etc - e reabilitar o indivíduo. **Medicamentos psicotrópicos e terapia psicológica são os métodos mais utilizados,
mas existem outras técnicas, como a estimulação eletromagnética transcraniana,
que estimula a ativação dos neurônios e a eletroestimulação, uma técnica estigmatizada,
mas que ainda hoje pode ajudar como uma “carga elétrica que reinicia o trabalho cerebral”.
A família também deve ser acolhida pela equipe de saúde e que, muitas vezes,
a melhor opção é a internação da pessoa com tendências suicidas, porque os familiares
não podem se responsabilizar por todo o apoio e vigilância que essa pessoa precisa.
Outro ponto é o cuidado com a família sobrevivente, quando o suicídio acontece.
 “Apesar de inadequados, a culpa e o constrangimento são muito grandes”
 Os sentimentos são descabidos, porque a família não causou a morte, apesar de ser comum nesses momentos que se busquem explicações, e também porque muitos não entendem que o suicídio é uma doença mental e o encaram como um desvio moral.

O que faz alguém se matar?

O suicídio não é um desvio moral ou uma falha de caráter, mas sim uma atitude extrema resultante de um transtorno grave com causas psíquicas e/ou emocionais.
“Ele é o último dos sintomas de um quadro gravíssimo que abala todo o pensamento, assim como o infarto é o último sintoma de uma doença cardiaca não diagnosticada”,
explica a psiquiatra Maria Cristina De Stefano.
Estudiosa do assunto, ela explica que o suicídio é uma questão fisica, desencadeada por alguns maus funcionamentos do organismo:
“É uma modificação dos neurotransmissores, uma alteração neuroquímica mental e já é conhecida a genética que determina o mau funcionamento físico de um neurônio”.
Transtornos que precedem o suicídio Em meio a esse mau funcionamento do corpo humano, podem surgir diversos distúrbios que, posteriormente, desencadearão o comportamento suicida.

O motivador mais comum é a depressão grave, seguida pelos transtornos psicóticos,
como a esquizofrenia, e, depois, pelos transtornos de personalidade.
As depressões mistas – que unem episódios de depressão e de mania, como inquietação e euforia - são as que mais causam o abatimento psíquico, marcado pela dificuldade de pensar, elaborar e decidir, associado à agressividade, à violência e ao isolamento.
“Existe, nesses quadros, um inquietude muito intensa e desorganizada”, explica a psiquiatra.

 Degradação mental progressiva Com a evolução da doença mental, o comportamento da pessoa tende a mudar.
Não existe uma regra, as alterações dependem da personalidade prévia.
“O extrovertido vai falar sobre a morte, coisas como 'a vida não tem mais sentido',
passar a se isolar mais, enquanto quem já era introvertido tende a ficar ainda mais isolado”
Pode ocorrer também um desapego em relação às suas coisas, seus valores sociais e afetivos e seus relacionamentos.
“Vai havendo um desligamento, porque a dor vai ficando muito grave e insuportável”,
explica a especialista. O abuso de álcool e drogas ilícitas é um agravante para os quadros mentais. Além disso, apesar de haver uma intenção e planejamento para o ato suicida, ele costuma ser desencadeado por um impulso, mais fácil quando se está sob ação dessas substâncias.
É importante ressaltar que nem toda doença mental se transforma em suicídio.
Quanto antes o problema for detectado, maiores são as probabilidades de um desfecho positivo.
E se olharmos de frente para a questão estigmatizada da doença mental e do suicídio,
maiores são as nossas chances de diminuir sua incidência.

BUSQUE AJUDA!!!!

Fonte: Organização Mundial da Saúde (OMS)
Referencia, psiquiatra Stefano Maria Cristina De

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